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Capa do livro |
Você
que está beirando os 40 anos vai lembrar de um livro feminista que bombou nos
anos 80: De Mariazinha a Maria*, de Marta Suplicy. Nessa época eu era uma minifeminista e assim cresci.
Passaram-se
os anos e quando tinha 36, exatamente 20 anos após começar a trabalhar fora, engravidei de Marina. Percebo
então que tenho feito o caminho inverso e de Maria passo, paulatinamente, a Mariazinha.
Meu
nome completo de solteira é Patrícia Santos Gomes, mas sempre assinei
Patrícia Gomes, o que causava alguma confusão com os professores no início de
cada ano na faculdade. Então eu explicava: “É que Patrícia Gomes é marca,
professor, o senhor ainda vai ouvir muito falar dela”. Era uma brincadeira que refletia
bem onde estava o foco da minha vida: no trabalho.
Uma
amiga, na semana passada, falou positivamente do arranjo familiar que temos:
eu, trabalhando fora e Paulo, que é artista plástico, cuidando da Marina e da
nossa alimentação (desde as compras ao descarte, passando pela cozinha e
deixando-a com os pratos limpos mas que nunca saem do escorredor). Ele
desenha pelas madrugadas, seu momento mais produtivo, e cuida dos contatos
enquanto Marina está na escola. Quando algum compromisso requer mais tempo
apelamos para a casa da minha mãe e Marina adora quando isso acontece. Nunca
tivemos empregada, faxineira, babá, nada parecido.
O
marido dessa amiga acha que tenho o perfil dela, mais voltado para o trabalho,
o que casaria perfeitamente com o do Paulo, mais caseiro. Então me vi obrigada
a desfazer esse engano. Tanto para ele como para meus professores da facul,
meus ex-colegas de trabalho, de pósssss, de infância e adolescência. Todos
aqueles com quem discuti sobre onde seria o lugar da mulher.
Descobri,
depois de ser mãe, que seria justo que pudéssemos realmente escolher o nosso
lugar no mundo. E se eu pudesse, estaria em casa, cuidando de minha cria.
Estaria lambendo, alimentando, aquecendo, ajeitando o ninho. Isso não acontece
por ser financeiramente inviável, mas estou trabalhando (em todos os sentidos)
para mudar essa realidade nos próximos 10 anos. Espero, daqui a 10 anos, quando
tiver 50, estar semi-aposentada, trabalhando meio expediente e enchendo o saco
da Marina - adolescente.
Continuo
feminista e é justamente uma dimensão mais ampla de feminismo que me permite
planejar parar de trabalhar, reconhecendo sempre o “trabalhar fora” como uma
conquista importante para as mulheres. Conquista histórica e moderna, pois a
luta – para muitas – ainda nem começou. Reconheço a liberdade da mulher em
escolher o que fazer de sua vida. E o que quero fazer da minha é virar Mariazinha.
*Marta foi irônica no título
e o fez acertadamente, pois era uma época em que só era possível chamar atenção
para qualquer causa feminina fazendo muito barulho. Parece preconceituoso, mas
os termos Maria e Mariazinha foi apenas uma forma de apontar as diferenças
entre a mulher independente e a “outra”, a que precisa de apoio para se
libertar.
3 comentários:
Patrícia, seu texto é perfito. Amei o que vc escreveu e me identifico muito com isso: "Reconheço a liberdade da mulher em escolher o que fazer de sua vida. E o que quero fazer da minha é virar Mariazinha". Se vc ainda não leu, eu te recomendo que procure um livro de Laura Gutman: A maternidade e o encontro com a própria sombra. Tem muito a ver com as nossas decisões pós maternidade. Bjsssss
Gostei do que escreveu rs :D
Olá Patrícia!
Tudo bem? O piso daqui de casa é o piso laminado da durafloor. Veja o site deles: http://www.durafloor.com.br/Durafloor/web/
Não sei se pode ser aplicado em cima do piso existente, mas acredito que sim.
Bjo flor =)
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