Terminei
de ler, por esses dias, o livro Mães em Guerra, de Jill Kargman. A
autora, uma cronista americana, apresenta uma situação que para mim é
tipicamente novaiorquina, mesmo assim vi muitas semelhanças com o que
acontece na blogosfera materna. Li em alguns sites diversas descrições
sobre esse livro e como não concordei com nenhuma, deixo que pesquisem,
mas acho que melhor mesmo é lê-lo (não esperem nada perto de Clarice
Lispector, ok?).
Quanto
às semelhanças, ficam por conta da perseguição que algumas mães fazem
em relação a outras que simplesmente tem uma forma “diferente” de criar
seus filhos. Por que diferente entre aspas? Diferente tipo parir na
beira do rio? Ou saltar de asa delta com um bebê de 2 meses? Não,
“diferente dela própria”, da mãe ou do grupo que emite a opinião. Toda
mãe (normal) quer o melhor para o seu filho. Se ela acha que dar
chupeta a um bebê de 2 meses é normal e eu discordo então o máximo que
posso fazer, respeitosamente, é emitir minha opinião, explicando porque
minha opinião/opção/decisão é diferente da dela. Entretanto, o que vejo
são paredões enooormes erguidos contra grupos de mãe POR outros grupos
de mães.
Lembro
então do Senado brasileiro (fui longe, neh?). Lá encontramos bancadas
de todo tipo: dos ruralistas, dos evangélicos, dos católicos, dos
privatistas...alguém já ouviu falar de bancada feminina? Nas bancadas existentes há mulheres e
homens de partidos rivais, mas que se unem em prol de um ideal, uma
causa, uma região do país. O fato de haver poucas senadoras (isso
também ocorre nas demais esferas, viu?) não justifica, já que as
bancadas não são determinadas por gênero, mas por “causas” e mesmo que
seja uma bancada de poucas mulheres isso será apenas um detalhe – o
importante é estar lá, em peso!
O
que vejo reproduzido na blogosfera materna, de forma aberta e
escancarada, é o que está no livro da americana e seu universo
(sócio-econômico-cultural) tão diferente do meu e no Senado, na Câmara,
na Assembleia da minha cidade, o que vejo em todos esses “ambientes” é
a dificuldade de unir as mulheres em torno de uma causa. Mesmo havendo
discordâncias (quer discordância maior do que PSDB e PT numa mesma
bancada?), mesmo relevando-as ou discutindo-as noutro momento, não será
possível colocar o tema em questão como elo.
Será que a
maternidade não consegue ser um elo na blogosfera materna? Preciso ainda ser
contra outro grupo de mulheres porque ele discorda de mim sobre
o tipo de alimento que dou à minha cria? Não posso apoiar esse grupo na
causa “Contra bisfenol nas mamadeiras” simplesmente porque sou
radicalmente contra o uso de mamadeira*? Quer dizer que as outras mães
devem deixar de dar mamadeira a seus filhos e se não pararem, danem-se
seus bebês, engulam bisfenol, afinal “eu avisei!”? Será que não poso
ver as discordâncias como uma imensa oportunidade de ser mais tolerante
e melhor ouvinte? Será que essas capacidades não farão de mim uma mãe melhor para a minha filha?
Quanto
ao livro, não me identifiquei com nenhuma mãe ali “estereotipada” e vi
de modo cru como podemos ser crueis. Para mim, ficou o gosto de
Precisamos falar sobre o Kevin, embora a idéia do livro seja de leveza e humor.
*A
propósito, minha filha mamou até 4 meses e meio, parou quando voltei a
trabalhar e seguiu com mamadeira até uns 7 meses. À época eu nem sabia
que existia bisfenol e só comprei mamadeira sem ele porque quando li
“Sem bisfenol” no rótulo achei que era melhor, só não sabia por quê.
Um comentário:
hahahahhaha...
Cara, o problema não é as diferenças, mas é que a maioria quer impor o que acha certo e o que acha errado...
Se todas so comentasse, e respeitassem o que a outra faz, não teria esses problemas ...
Bjs
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