sábado, 5 de maio de 2012

Para abrir a "Semana das Mães"


Terminei de ler, por esses dias, o livro Mães em Guerra, de Jill Kargman. A autora, uma cronista americana, apresenta uma situação que para mim é tipicamente novaiorquina, mesmo assim vi muitas semelhanças com o que acontece na blogosfera materna. Li em alguns sites diversas descrições sobre esse livro e como não concordei com nenhuma, deixo que pesquisem, mas acho que melhor mesmo é lê-lo (não esperem nada perto de Clarice Lispector, ok?).
Quanto às semelhanças, ficam por conta da perseguição que algumas mães fazem em relação a outras que simplesmente tem uma forma “diferente” de criar seus filhos. Por que diferente entre aspas? Diferente tipo parir na beira do rio? Ou saltar de asa delta com um bebê de 2 meses? Não, “diferente dela própria”, da mãe ou do grupo que emite a opinião. Toda mãe (normal) quer o melhor para o seu filho. Se ela acha que dar chupeta a um bebê de 2 meses é normal e eu discordo então o máximo que posso fazer, respeitosamente, é emitir minha opinião, explicando porque minha opinião/opção/decisão é diferente da dela. Entretanto, o que vejo são paredões enooormes erguidos contra grupos de mãe POR outros grupos de mães.
Lembro então do Senado brasileiro (fui longe, neh?). Lá encontramos bancadas de todo tipo: dos ruralistas, dos evangélicos, dos católicos, dos privatistas...alguém já ouviu falar de bancada feminina? Nas bancadas existentes há mulheres e homens de partidos rivais, mas que se unem em prol de um ideal, uma causa, uma região do país. O fato de haver poucas senadoras (isso também ocorre nas demais esferas, viu?) não justifica, já que as bancadas não são determinadas por gênero, mas por “causas” e mesmo que seja uma bancada de poucas mulheres isso será apenas um detalhe – o importante é estar lá, em peso!
O que vejo reproduzido na blogosfera materna, de forma aberta e escancarada, é o que está no livro da americana e seu universo (sócio-econômico-cultural) tão diferente do meu e no Senado, na Câmara, na Assembleia da minha cidade, o que vejo em todos esses “ambientes” é a dificuldade de unir as mulheres em torno de uma causa. Mesmo havendo discordâncias (quer discordância maior do que PSDB e PT numa mesma bancada?), mesmo relevando-as ou discutindo-as noutro momento, não será possível colocar o tema em questão como elo.
Será que a maternidade não consegue ser um elo na blogosfera materna? Preciso ainda ser contra outro grupo de mulheres porque ele discorda de mim sobre o tipo de alimento que dou à minha cria? Não posso apoiar esse grupo na causa “Contra bisfenol nas mamadeiras” simplesmente porque sou radicalmente contra o uso de mamadeira*? Quer dizer que as outras mães devem deixar de dar mamadeira a seus filhos e se não pararem, danem-se seus bebês, engulam bisfenol, afinal “eu avisei!”? Será que não poso ver as discordâncias como uma imensa oportunidade de ser mais tolerante e melhor ouvinte? Será que essas capacidades não farão de mim uma mãe melhor para a minha filha?
Quanto ao livro, não me identifiquei com nenhuma mãe ali “estereotipada” e vi de modo cru como podemos ser crueis. Para mim, ficou o gosto de Precisamos falar sobre o Kevin, embora a idéia do livro seja de leveza e humor.

*A propósito, minha filha mamou até 4 meses e meio, parou quando voltei a trabalhar e seguiu com mamadeira até uns 7 meses. À época eu nem sabia que existia bisfenol e só comprei mamadeira sem ele porque quando li “Sem bisfenol” no rótulo achei que era melhor, só não sabia por quê.

Um comentário:

Rafaella disse...

hahahahhaha...
Cara, o problema não é as diferenças, mas é que a maioria quer impor o que acha certo e o que acha errado...
Se todas so comentasse, e respeitassem o que a outra faz, não teria esses problemas ...
Bjs