sábado, 30 de junho de 2012

J. Edgar - O Filme

Mãe (no filme) de J. Edgar
Todos os filmes de grandes homens a que assisti mostram uma relação ... hum ... como direi ... problemática ... deles com a mãe. Sobre a mãe de Hitler não sei nada e o estou citando porque "grande homem" aqui não significa homem bom, mas homem que teve notoriedade na história. A maioria dos filmes não trata mesmo de "bons homens".
J. Edgar (o filme) é um filme sépia. Isso me incomodou no início, achei que fosse algum problema da minha TV estar apresentando o filme tão escuro, no entanto a vida dele era assim, nas sombras. A sua relação homoafetiva com Tolson, seu braço-direito-e-eterno-companheiro no FBI; sua relação com os pais (o pai aparece no início do filme e recebe de Edgar apenas um olhar de desprezo); suas investigações no Bureau, tudo era envolto em mistérios e sub-linhas.
Tolson e Edgar (Di Caprio)
Logo de cara achei estranho o cabelo crespo de Di Caprio, o que só entendi após pesquisas na Internet. O "modernizador" do FBI era mestiço, embora racista. Gay e homofóbico. Essa foto do casal é a cara da relação deles desde o início, com a austeridade de Edgar e Tolson ao seu lado. O amor deles, tenha rolado sexo ou não, é sofrido e fortíssimo! Há cenas simplesmente fantásticas, emocionantes, apaixonantes. Os diálogos entre ele, no início da relação são uma COISA, me obrigaram a voltar para o Paulo e dizer "Menino, hetero nenhum diz uma delícia dessas!", o que deve ser um preconceito da minha parte - mas foi dito. Ponto. Tolson é charmoso, elegante, inteligente, sensível, perspicaz, leal, apaixonante e totalmente à vontade com sua homessexualidade. Edgar é inteligente, voraz, determinado, problemático, vaidoso, mentiroso, mas creio que realmente se preocupava com a segurança de seu país.
Primeiro filme que vi com Di Caprio

DI CAPRIO
Sim, merece um tópico à parte. A vantagem de ser alienada é que você consegue fazer julgamentos melhores sobre certos assuntos. Às vezes ter poucas informações sobre um assunto é bom! O "Diário de um adolescente" (1995) foi o primeiro filme que vi com Di Caprio, que era um jovem quase tísico com cara de menino e um ator fantástico. Anos depois, o garoto começou a fazer sucesso e só se ouviam críticas, como se fosse apenas mais um rostinho bonito em Hollywood, coisa da qual sempre discordei. A alienada aqui só veio saber que o Di Caprio e o "adolescente" eram o mesmo acho que na ápoca do Titanic. Quem ainda duvida do talento desse ator deve assistir a J. Edgar, pois deve ser uma de suas melhores atuações...a melhor que eu já vi. Da fala ao andar, em diversos momentos a gente esquece de tudo que ele fez antes.
Uma das cenas de "Diário"

CENAS
AS CENAS - Putz! O filme inteiro é cheio de significados, um fato vai esclarecendodúvidas que surgem bem no momento que se descortinam a verdade, sempre nos remetendo à vida sombreada de Edgar. Escolhendo as melhores cenas:
-> A entrevista na qual Tolson é contratado por Edgar;
-> TODOS os diálogos do casal, principalmente o que antecede suas primeiras férias juntos;
-> A briga e o beijo ensanguentado
-> Edgar e sua mãe dialogando sobre a homossexualidade dele (ela diz que prefere "um filho morto a um filho homossexual" quem já ouviu isso antes levante os braços \o/  );
-> Edgar vestindo a roupa da mãe, logo após sua morte;
-> Em seu último jantar juntos há um diálogo pesado entre os dois. Tolson está muito doente. Relembram a vida juntos, o FBI, etc, e Edgar passa mal. Tolson lhe entrega o guardanapo, o que nos remete à cena da entrevista, alinhavando definitivamente a complementaridade daquelas almas, fechando a costura da vida do casal, que ao longo de mais de 40 anos preservavam o amor/gestos/atitudes do início da relação (embora essa estivesse desgastada pela personalidade problemática de Edgar). Essa cena do guardanapo-lenço passando de uma mão a outra é tão sutil, tão delicada, tão perfeitamente colocada que merecia um prêmio.

Enfim, quando terminamos de assistir, vim pesquisar sobre essa figura na net, não achei nada muito diferente do que o filme mostra. E acho que merece registro o comentário que meu marido fez sobre o pecado da homossexualidade "Não acredito realemente que Deus mande para o inferno duas pessoas apenas por se amarem". É o que eu também penso.

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