quinta-feira, 6 de junho de 2013

Para quê serve a vida

Sabe tudo o que eu queria hoje? Chegar em casa, abrir a porta e estar tudo limpo, arrumado e perfumado! Como eu queria! Desde não sei que horas vinha pensando nisso, mas sabia o que iria encontrar: a bagunça da manhã mais uns requintes de criatividade do decorrer do dia.
Daqui
Nem sei se eu iria me jogar assim no sofá, mas iria adorar imagem de tudo arrumadinho sem que tivesse sido eu, o cheirinho de casa limpa...ai, ai.
Numa das vezes em que morei sozinha era perto da praia e um grande amigo, Diôgo, ia caminhar comigo então deixava o carro lá no AP e íamos juntos conversando até chegar à orla porque lá a coisa era séria. Um dia ele chegou e eu estava do lado de fora, já o esperando, coisa que nunca tinha acontecido. Ele perguntou o motivo e eu devo ter feito aquela cara que criança faz quando apronta uma e disse "Quando voltar, você vai ver". Quando chegamos, abri a porta, acendi a luz e fiz aquela pompa para ele entrar. Ele ficou olhando a sala...estava tudo igual: uma bicicleta ergométrica, uma rede, uma esteira com almofadas...
"Sim, e daí?" perguntou, já começando a rir de mim
"Menino, sente o cheiro...de casa limpa. Eu passei uma cera no piso e tranquei tudo pra quando voltarmos a casa estar com esse cheirinho, percebeu agora?"
Cara, como ele riu! Ele quase morreu de rir, quando conseguiu falar perguntou se eu já tinha feito isso antes e eu disse que várias vezes, aí é que ele se contorcia de rir, todo suado, largado no meu tapetezinho branco.
Daí que a casa está uma bagunça, a Marina está tocando um sino de boi que o Paulo arranjou não sei onde e eu estou aqui, nem mais querendo a casa me esperando vestida como eu queria. E por quê?! 
Porque Diôgo rolou de rir naquela noite e, com isso, eu guardei a história toda na memória. Certamente a mim aquela mania teria passado despercebida, ele achou que era coisa de gente doida que não aprendeu a morar sozinha. Sei que hoje a vida é isso: uma garrafa de vinho, niver do Marido, Marina jantando conosco e nós tentando assistir ao filme Anjo de Vidro enquanto ela faz tudo para desviar nossa atenção da tela.
Daqui a 10 anos não sei se vou lembrar disto, nem se estarei viva. Se estiver, ainda não gostarei de casa bagunçada, 
mas vou adorar ter vivido hoje!


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