sexta-feira, 7 de maio de 2010

"As perguntas difíceis que as crianças fazem"

É o título da reportagem à página 126, da Veja de 21/04/2010. Lembrei imediatamente da situação mais constrangedora que vivi com minhas sobrinhas, relacionada a perguntas difíceis que as crianças fazem.
A Veja citou duas: "Mamãe, de onde eu vim?" e "Para onde as pessoas vão quando morrem?".
As minhas estão longe desse universo.
Estávamos num ônibus, eu e as gêmeas, então com 4 anos, quando entrou um garoto que não contava 6 anos e começou a falar, pedindo dinheiro. Como todos, não vi nem ouvi. Elas, atentas, sequer piscavam. Camilla aproximou-se do meu rosto e perguntou, discretamente:
"Por que todo mundo finge que não tá ouvindo ele?"
E Clarice, no mesmo tom baixo:
"E o que ele tá falando?"
Ela entendia o que o garoto falava, mas era como se não fosse possível aceitar uma criança pedir dinheiro assim. Dinheiro para quê? Por que uma criança precisaria de dinheiro e ainda por cima pedi-lo a desconhecidos que o ignoram?
Camilla e Clarice tem 8 anos e essa foi a única vez que não consegui lhes responder.

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