sábado, 6 de abril de 2013

Morte, uma passagem e traças

Da net - esqueci de pegar o link e não achei mais :-(
O pai de meu marido faleceu. Durante meses esteve enfermo, com sua alma preparando-se para encontros que desconheço. O corpo, esse que nós vemos, mostrava a despedida a cada dia. E meu marido sofria. E eu sofria por meu marido, porque menina de fé, achava que chegaria o dia em que o pai respiraria fundo e lembraria de algum remédio (foi médico) e de um médico de confiança com quem trocava algumas ideias na época de estudos. 
Nada disso aconteceu e ontem ao meio dias as flores brancas lhe serviram se lençol.
Enquanto meu marido foi estar com os familiares distantes que vieram para a cerimônia, estive em casa. Meu casulo. Meu silêncio. Minhas músicas. Minhas lágrimas. Minhas meditações. Minhas orações. Meus inúmeros pedidos de perdão aos céus por não entender e insistir em pedir explicação. Após uma meditação Gassho senti-me leve e aliviada e prometi não querer explicação mais nenhuma.
Tarde da noite, já com alguma energia no corpo, resolvi limpar a casa. Surpreendi-me com a quantidade de traças. Dias atrás havia pedido indicação (no face) de uma faxineira e enquanto atacava as traças pensava que a faxineira iria pensar que havíamos abandonado a casa durante meses. 
Eu simplesmente não via as traças. Elas estavam no alto. Nos cantinhos lá de cima, entre o teto e a parede. Estavam onde não olhávamos porque estivemos cabisbaixos durante esse tempo. Com o chão limpo, os móveis bagunçados e sem poeira - onde a vista conseguia alcançar - era a nossa casa enquanto nossos dias, horas e orações estavam direcionados ao homem que precisava de nossas orações.
Com a liberdade de meu sogro, olhei para cima. Limpei a casa do chão ao teto e fui dormir. Daqui a pouco vou receber minha enteada, que trará ainda mais luz a esta casa, e verei então o céu. 
E acho que me surpreenderei com ele.

Um comentário:

Luma Rosa disse...

Oi, Patrícia!!
Nessas horas de fraqueza, encontramos forças não sei onde, transfiguradas em desatino da alma e resignação. Falta-nos somente aceitar os ditames da vida!
Por isso é sempre bom olhar a vida com olhos de primeira vista; olhar o céu e as outras coisas da natureza com deslumbramento e as pessoas com simpatia, pois não sabemos o dia de amanhã.
Sobre as traças, o que fica pregado na parede é o casulo e nem sempre a traça ainda está lá. Ela cai no chão e corre para os lugares escuros. Nesse blogue tem algumas dicas para eliminar as pequenas.
Fique bem!!
Beijus,