terça-feira, 7 de maio de 2013

Blogagem coletiva: "O Brincar"

Esta postagem faz parte da Blogagem Coletiva proposta da Aliança pela Infância para a Semana Mundial do Brincar.
Presente que Marina ganhou da irmã
Marina tem duas Barbies bailarinas, uma delas ficava na casa da avó porque não gosto dessa boneca, mas como foi presente sugeri que ficasse lá onde as primas estão e podem brincar com minha pequena (e onde geralmente fazem outras atividades).
Aí ganhou uma da irmã, só que lilás. Lembrou da cor-de-rosa "que tá na casa da minha avó" e daí quis que a buscássemos para que pudessem dançar juntas. Combinamos que Marina tem direito a 3 brinquedos e quando quiser algum outro que está guardado precisa escolher e fazer uma troca. Assim, trocou o coelhinho da Páscoa e ficou com uma boneca de pano que é sua anja da guarda e as duas Barbies.
Sexta-feira, na escola, é dia de levar brinquedo e lá foi minha fofinha levando as duas para que todas as meninas possam brincar, né, mãe? Own, que fofo, neh? É. A parte fofa fica aqui.
Quando Paulo foi buscá-la viu uma cena muito triste, que o incomodou tanto que ele decidiu não deixá-la levar mais essa boneca. Marina estava com duas meninas um ano mais velhas do que ela, todas haviam levado um exemplar da tal boneca - vai ver que combinaram - mas as duas garotas apenas mostravam uma para outra os acessórios que sua boneca tinha. Cada um melhor do que o da outra, é claro. Melhor em quê? Melhor por quê? Melhor para quem?
 A mini ponta do Iceberg



Marina permanecia lá, parada, observando, enquanto o desfile...não, a competição, continuava. Não havia interação entre as meninas, as bonecas não falavam, não andavam, não bailavam, as bonecas eram um objeto absolutamente desprovido de ludicidade, simplesmente passavam longe de ser um brinquedo.
Paulo retirou nossa cria dali e passou o dia incomodado com aquilo, pensando em quem serão aquelas meninas quando crescerem e, principalmente, que não quer nossa filha envolvida com "aquilo". Entendo perfeitamente o pensamento dele, pois passei por ele antes. Sou mulher, fui menina, tudo isso antes de ser mãe e sei bem como um grupo de meninas pode ser influente. Acredito que se nossa filha tivesse a criação delas, tenderia a se igual, mas além de termos hábitos, preferências e consciência diferente de vários pais/mães que nos rodeiam a própria Marina tem luz própria - nosso trabalho é não permitir que se apague.
A propósito, já perceberam que a Barbie atual usa botox? Comparem com a antiga, então!
TUDO na Barbie (e suas assemelhadas) me incomoda: do preço ao eterno-sorriso, da maquiagem ao pezinho de bailarina sempre esperando um sapato de salto, do pescoço comprido à perna bem torneada, dos seios fartos aos acessórios. MAS principalmente a falsa variedade. De estilos, de roupas, de cabelos, de modelos.
Minha filha tinha começado a falar há pouco e entramos numa loja de departamento. As roupas com a marca da boneca ficavam a um canto e na parede o B pink típico. Minha filha, do lado oposto à parede,  apontou e disse "Bábi". 
Eu nunca vou esquecer isso, porque foi um tapa estaladíssimo na minha cara! 
Minha filha não tinha a boneca, não usava roupas com imagens licenciadas nem assistia aos filme (em casa, pelo menos) e "leu" o nome da boneca. Aquilo me falou da grande batalha a ser VENCIDA contra o império do dinheiro. Não o meu, mas de quem quer seduzir o seres mais frágeis a custas de sua criatividade, auto-estima, desenvolvimento sadio, imaginação, individualidade. 

Como somos bons de briga, Paulo e eu estendemos a luta e o fazemos por todas as crianças do mundo.

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