Meus amores: Paulo, Marina e Adélia Prado |
Minha primeira viagem de avião foi para
Brasília, com parada em São Paulo. Foi a serviço, em 2001. Eu prestava tanta
atenção à comissária de bordo fazendo aquele parangolé para o qual nenhum “viajante
experiente” olha mais, que deve ter chamado atenção do meu vizinho. Um senhor
introspectivo que olhava catálogos sobre tecidos (mania de leitor: butucar o
que outro leitor está vendo).
Alguém nos ofereceu bala ou chiclete, eu não
quis e ele sugeriu que eu pegasse porque seria bom para os ouvidos, quando chegássemos
a uma altitude maior. Peguei.
Em dado momento, a comissária passou nos
oferecendo uma barrinha de chocolate e um pacote de amendoim e meu vizinho pediu
mais um lote. Olhou-me um pouco sem graça e eu sorri de volta, imaginei que
fosse para seus filhos, daí ele foi falando, enquanto guardava seus pertences,
o que me fez entender que desembarcaria em São Paulo. “...para meus filhos. Trabalho
viajando e eu sempre comprava alguma coisa para eles nas viagens. Não fazia por
obrigação, eu sentia falta deles, via algo que sentia vontade de levar e era
só. Até que um dia fiz uma viagem tão rápida que não deu tempo de comprar nada
e na verdade nem pensei nisso. Quando entrei em casa – e nesse ponto da
conversa seu rosto mostrou-se carrancudo. Em momento nenhum da viagem ele se
mostrou simpático, mas aqui realmente estava aborrecido – eles vieram correndo
para mim perguntando pelos presentes. Aí pensei: não, isso tá errado, o pai
fica fora de casa e eles esperam que eu volte pra ganhar presentes, que é
isso!? Conversei com minha esposa, que achava que eles tinham razão por estarem
habituados e admiti meu erro por ter criado esse hábito. Nunca mais comprei
nada para eles nas minhas viagens a serviço, então às vezes levo essas coisas
que dão no avião ou nada. Ora, eles tem que ficar felizes com a chegada do pai,
não do entregador de presentes! Fico aqui. Boa viagem, senhorita, obrigada pela
conversa.” Ele havia dito seu nome, que minha péssima memória não gravou, mas
uma semana depois o vi numa revista de moda, era um famoso estilista brasileiro com carreira internacional e realmente viajava muito.
Pensei durante dias na postagem de hoje e
acordei com a lembrança desse encontro. Em 2001 sequer
sabíamos a diferença entre consumo e consumismo. Eu havia estudado o assunto para
um seminário de marketing, quando paguei uma cadeira de Psicologia (yes!) no
curso de Ciências Contábeis, mas a discussão estava bem longe do que se passa
agora, era só questão de pesquisar, nomear e aceitar as coisas com elas são.
São?
Natal, 12 anos depois, muita água debaixo da
ponte e um mundo que começa a decorar vitrines aproveitando o feriado do Dia de
Finados. “Natal
sem consumismo” é o tema da
campanha da Aliança pela Infância. Como atualmente o assunto é vastamente
discutido na blogosfera e em grupos de facebook mundo afora, não me faltaria
conteúdo para trazer e refletir aqui, mas quero trazer um que vem de mim. De dentro.
Da sola dos pés enterrada na terra.
PRESENTE
Daqui |
PRESENTE
PRESENÇA
Há meses tenho buscado estar PRESENTE. Em minha
cama, no ônibus, diante do computador, durante as aulas de dança, enquanto leio
um livro, oro ou medito ou durante minhas auto-aplicações de Reiki. Difícil? Muito!
Encontrei (ou encontrou-me?) um livro que fala exatamente sobre isso.
Trazendo a presença para o Natal, que durante
tanto tempo tem sido aliado a um tempo de presentear, presentear com objetos às
vezes tão inúteis, presentear mesmo endividando-se apenas para não “fazer feio”
socialmente, presentear sem necessidade de estar PRESENTE.
Durante este mês, trarei este assunto a blog e
quero muito saber como é essa questão dos Presentes de Natal para você.
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