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Eu só estava sendo enfática. E ele é mesmo leonino |
Outro dia me peguei explicando a um
companheiro de projeto minha resistência em reutilizar objetos de plástico.
Pensando na dificuldade em me fazer entender, resolvi escrever o que penso a esse respeito (vai que sou
mais competente aqui...).
Como diria Renato Russo "Há muito
tempo atrás (sic), numa galáxia muito, muito distante" entrei em contato com
Educação Ambiental numa pós-graduação que cursava. Foi quando conheci o Instituto
Akatu, melhor referência sobre meio ambiente à época e recentemente aprendi
a calcular minha Pegada
Ecológica. Nem de longe posso ser chamada de ambientalista, mas procuro
conhecer as consequências das minhas atitudes e busco não piorar o que já está
ruim no mundo.
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Imagem daqui |
Com relação ao consumo modifiquei alguns
hábitos após ler em algum lugar que estamos habituados a pensar em nossa
necessidade, depois no uso da coisa, em sequência no descarte do que foi adquirido. O
pensamento ideal seria de trás para a frente, ou seja, a partir do descarte. Ao
invés de pensar: "Eu preciso disso" devemos pensar "Como isso
será descartado?". E ao invés de determinar que precisa de algo começar a
refletir se precisa de tal coisa. Essa questão do consumo é bastante
interessante sob vários aspectos e quando a mudei a forma de pensar encontrei
várias des-necessidades em minha vida e em lugares que frequento. Quando
comprei o apartamento onde moro os armários eram embutidos e o roupeiro do
quarto de minha filha é imenso! Percebi que o meu ficava juntando tralha e então
arranquei-o da parede. Quando meu então marido chegou e viu a bagunça perguntou
logo onde iríamos guardar o que estava ali. As roupas já estavam no outro e
desse, pasmamos, tudo foi descartado. Percebi, naquele momento, que quanto mais
armários, prateleiras, mesinhas, racks, mais espaço tenho para encontrar alguma coisa que
eu preciso colocar ali. O novo pensamento consumidor seria:
1. Como isso será descartado? Pode ser
reciclado? Sei onde e como descartá-lo? É biodegradável? Tenho a opção de
substituir por algo que não prejudique o meio ambiente, se for o caso?
2. Tenho onde usá-lo/guardá-lo ou
precisarei comprar outro objeto para tal?
3. Preciso disso?
Garantia 1: muuuuuita economia, para
começo de conversa.
É inegável que a invenção do plástico
trouxe vários benefícios à sociedade. O exemplo mais próximo de seu uso para a
maioria das pessoas tem a ver com os produtos de higiene, limpeza, depósitos
para guardar alimentos - que mesmo sabendo fazerem mal à saúde ainda são
utilizados. Também é de amplo conhecimento que esse material dura em torno de
500 anos para se decompor e tem trazido problema gigantescos à Natureza e ao
meio ambiente Natureza e meio
ambiente não são a mesma coisa. A questão é simples: as indústrias ou cientistas deveriam pesquisar outros materialis que tragam os benefícios do plástico e sejam biodegradáveis. Vou poupar
vocês das razões $$$$ para que pesquisas nesse sentido não ocorram, ok?
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Árvore garrafa PET e enfeites em PET e latas |
Aproveitando a proximidade do Natal vou
usar um exemplo de árvore que já decorou minha cidade. Meu coração chegava a
doer quando via aquela belezura sendo fotografa e servindo de monumento. E foi neste
ponto em que eu e o colega discordamos. Na concepção dele, se o produto já
existe e vai passar 500 anos por aí, então que pelo menos sirva para algo. É o
pensamento vigente, é claro, é a partir dele que se baseiam os 5 Ss: Repensar +
Reduzir + Reutilizar + Reciclar + Recusar.
O que eu penso é que o plástico não
deveria existir. Também penso que quando dou uma outra utilidade a um material
que não deveria existir apresento a falsa conclusão de que ele “pode ser bom
para”. Só que: qual será o destino da árvore de Natal após ser desmontada? Em
quanto tempo a vida desse objeto no planeta diminuiu por eu ter feito sua reutilização?
Quantas garrafas de refrigerante deixaram de ser produzidas, compradas e
descartadas? Então, se não quero mais que esse material exista também não quero
dar a falsa impressão de que pode vir algo bom dele, pois esse “algo bom” da
reutilização não elimina a realidade de que o plástico está envenenando nossos
alimentos, solo, águas e atmosfera. Da fabricação ao descarte ele é nocivo.
Assim, assumo a postura de não participar nesse diminuto circo de horrores (se
comparado a fatos maiores), não transformar garrafa PET em carrinho, tubo de
sabão líquido em floreira, jogo-americano com tampa de garrafas plásticas. Evito comprar plástico e não estimulo reutilização.
Volto à pergunta do rapaz
- Qual o problema de usar se o material já existe?
- Existe, mas não sou eu quem vai fingir
que ele pode ser bom. Porque o que deve acontecer é ser substituído por outras
opções.
Ações de grupos e movimentos organizados
têm feito pressão em relação ao uso indiscriminado dos vários tipos de plástico
e vê-se o efeito nas prateleiras de supermercados, que apresentam cada vez mais
sachês de produtos alimentícios e de limpeza/higiene - também são embalagens
plásticas, mas dizem que se decompõe mais rápido...não sei se é verdade ou uma troca
de seis por meia dúzia. Ações individuais, como preferir comprar produtos
embalados em madeira ou papel, usar eco
bag já no carrinho de supermercado e colocar hortifrúti ali e dispensar as
sacolinhas, comprar sabão/sabonete em barra e evitar a embalagem plástica,
escolher bolsas em tecido às de nylon, usar bucha vegetal ao invés de esponja,
garrafas de vidro para suco e água, etc. São exemplos de ações que não requer a
participação efetiva em algum movimento, mas ao mesmo tempo insere a pessoa num
grupo imenso que precisa crescer urgentemente. Precisa crescer, muito mais do
que precisa de inutilidades para o mundo.
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Imagem daqui |
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