sábado, 12 de novembro de 2016

Bipolar, eu? Não, prazer em conhecer, Patrícia!

Imagem daqui

Alguns médicos dizem que sofro de TAB.
Alguns médicos dizem que não sofro de TAB.
Algumas vezes acho que sofro, outras vezes acho que não.
Perdão, deixe-me apresentar a sigla: Transtorno Afetivo Bipolar - por enquanto, porque também já foi Psicose Maníaco Depressivo. Portanto, eu era psicótica e agora sou transtorna e, putz, como minha vida mudou com essa informação #sqn. A mudança ocorreu, basicamente, porque nem todos os pacientes que apresentavam "alteração de humor" (que é o olho do furacão) tinham características psicóticas.
O conhecido Dr. Drauzio Varela falou numa entrevista que o disgnóstico é determinado cerca de 10 anos após o paciente apresentar o primeiro episódio. Isso acontece por causa da instabilidade na qual o sujeito pode se encontrar, falta de preparo dos médicos e porque normalmente quando está na fase se "euforia" (na fase de outra palavra melhor, encontraram esta. Antes, era "mania") o doente acha que está bem e só vai ao médico quando está em depressão. Aqui você encontra um texto dele sobre o assunto.
Abaixo um trecho de outro site, que considero mais fácil (oi?) de entender parte da coisa:

"Transtorno bipolar, também conhecido como psicose maníaco depressiva, é uma desordem cerebral que causa alterações incomuns no humor, energia e capacidade de desempenhar funções. Diferente das variações normais de humor que todas as pessoas têm, os sintomas do transtorno bipolar são severos e podem resultar em danos aos relacionamentos, performance ruim no trabalho e estudo, e até suicídio."

Agora, Produção, vamos ver se você entendeu direito. O sujeito está sofrendo anos a fio, se enchendo de medicamentos errados que dão reações adversas super-punks, sendo tachado de doido ou preguiçoso ou impressionado porque todo mundo melhora menos ele até que um dia (ou não) batizam o que ele sofre pelo nome certo e o tratamento finalmente é mudado. Pronto. Tudo certo, né? Errado. Vai começar tudo de novo! Se tratar da depressão é complicado, imagine tratar dela e de seu oposto. Tipo sair para o barzinho com Super Man e o Super Man do Mundo Bizarro.

Meu primeiro episódio foi em 2001 e em janeiro de 2016 comecei o tratamento para TAB, o que realmente tem me dado algum conforto e espaçado as oscilações. Calculou? Quinze anos! E eu quem fez as milhares de pesquisas em sites científicos e levei para a médica. Quinze anos para receitarem anticonvulsivante (e eu me negar a tomar), quinze anos para saber que terapia da fala não é o mais indicado para o meu caso, quinze anos para eu saber que aquelas fases em que eu fazia meu TCC + trabalhava durante o dia + ensinava no interior + passei no concurso era "euforia". Peraê. Eu não existo mais?!

Há 17 dias não consegui permanecer no trabalho e saí voando para a primeira psiquiatra que encontrei. Foi indicada pela minha chefe e tinha vaga. A que me acompanha estava viajando. A mulher falava pelos cotovelos e, do nada, punha um sorriso no rosto com os olhos arregalados e perguntava "Você está me compreendendo (, ow fudida)? Grifo meu, é claro. Eu só balançava a cabeça porque não dava tempo de responder. Daí pediu que u acesse determinado site, imprimisse uma tabela e fosse anotando as alterações de humor a cada dia. Eu fique pensando: "Mas todo mundo não passa por isso? Qual é o ser vivente que não tem o humor oscilado, minimamente, mas tem?" Ela dobrou as dosagens dos remédios e quando saí de lá mandei uma mensagem para minha médica antes de tomar. Fiquei muito, muito assustada com a naturalidade com que a mulher mudou tudo sabendo que traria reações fortes e por isso me deu atestado médico.

O pior, para mim, é que foi o primeiro episódio desde o tratamento, e eu não vi os sinais, que começaram em setembro. Quando tenho uma ideia para um projeto penso "É minha ou oba-oba da minha cabeça?", se sinto vontade de fazer um curso lá vem a voz interna "Sou eu ou meus neurônios em clima de Carnaval?", quando estou cansada é "como foi meu dia hoje, para eu estar assim? Será que essa apatia é cansaço mesmo ou ela chegando?".

Conheci várias pessoas inteligentes, de boa índole e bom caráter, passando por situação parecida. Com algumas, nos comunicamos diariamente por WhatsApp, mas me incomoda o panorama geral que os doentes sofrem. O preconceito que sofremos, como se a própria dor não fosse suficiente. E esta sou eu falando. E esta eu vai fazer alguma coisa maior.

Nenhum comentário: