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Alguns médicos dizem que sofro de TAB.
Alguns médicos dizem que não sofro de TAB.
Algumas vezes acho que sofro, outras vezes acho que não.
Perdão, deixe-me apresentar a sigla: Transtorno Afetivo Bipolar - por enquanto, porque também já foi Psicose Maníaco Depressivo. Portanto, eu era psicótica e agora sou transtorna e, putz, como minha vida mudou com essa informação #sqn. A mudança ocorreu, basicamente, porque nem todos os pacientes que apresentavam "alteração de humor" (que é o olho do furacão) tinham características psicóticas.
O conhecido Dr. Drauzio Varela falou numa entrevista que o disgnóstico é determinado cerca de 10 anos após o paciente apresentar o primeiro episódio. Isso acontece por causa da instabilidade na qual o sujeito pode se encontrar, falta de preparo dos médicos e porque normalmente quando está na fase se "euforia" (na fase de outra palavra melhor, encontraram esta. Antes, era "mania") o doente acha que está bem e só vai ao médico quando está em depressão. Aqui você encontra um texto dele sobre o assunto.
Abaixo um trecho de outro site, que considero mais fácil (oi?) de entender parte da coisa:
"Transtorno bipolar, também conhecido como psicose maníaco depressiva, é uma desordem cerebral que causa alterações incomuns no humor, energia e capacidade de desempenhar funções. Diferente das variações normais de humor que todas as pessoas têm, os sintomas do transtorno bipolar são severos e podem resultar em danos aos relacionamentos, performance ruim no trabalho e estudo, e até suicídio."
Agora, Produção, vamos ver se você entendeu direito. O sujeito está sofrendo anos a fio, se enchendo de medicamentos errados que dão reações adversas super-punks, sendo tachado de doido ou preguiçoso ou impressionado porque todo mundo melhora menos ele até que um dia (ou não) batizam o que ele sofre pelo nome certo e o tratamento finalmente é mudado. Pronto. Tudo certo, né? Errado. Vai começar tudo de novo! Se tratar da depressão é complicado, imagine tratar dela e de seu oposto. Tipo sair para o barzinho com Super Man e o Super Man do Mundo Bizarro.
Meu primeiro episódio foi em 2001 e em janeiro de 2016 comecei o tratamento para TAB, o que realmente tem me dado algum conforto e espaçado as oscilações. Calculou? Quinze anos! E eu quem fez as milhares de pesquisas em sites científicos e levei para a médica. Quinze anos para receitarem anticonvulsivante (e eu me negar a tomar), quinze anos para saber que terapia da fala não é o mais indicado para o meu caso, quinze anos para eu saber que aquelas fases em que eu fazia meu TCC + trabalhava durante o dia + ensinava no interior + passei no concurso era "euforia". Peraê. Eu não existo mais?!
Há 17 dias não consegui permanecer no trabalho e saí voando para a primeira psiquiatra que encontrei. Foi indicada pela minha chefe e tinha vaga. A que me acompanha estava viajando. A mulher falava pelos cotovelos e, do nada, punha um sorriso no rosto com os olhos arregalados e perguntava "Você está me compreendendo (, ow fudida)? Grifo meu, é claro. Eu só balançava a cabeça porque não dava tempo de responder. Daí pediu que u acesse determinado site, imprimisse uma tabela e fosse anotando as alterações de humor a cada dia. Eu fique pensando: "Mas todo mundo não passa por isso? Qual é o ser vivente que não tem o humor oscilado, minimamente, mas tem?" Ela dobrou as dosagens dos remédios e quando saí de lá mandei uma mensagem para minha médica antes de tomar. Fiquei muito, muito assustada com a naturalidade com que a mulher mudou tudo sabendo que traria reações fortes e por isso me deu atestado médico.
O pior, para mim, é que foi o primeiro episódio desde o tratamento, e eu não vi os sinais, que começaram em setembro. Quando tenho uma ideia para um projeto penso "É minha ou oba-oba da minha cabeça?", se sinto vontade de fazer um curso lá vem a voz interna "Sou eu ou meus neurônios em clima de Carnaval?", quando estou cansada é "como foi meu dia hoje, para eu estar assim? Será que essa apatia é cansaço mesmo ou ela chegando?".
Conheci várias pessoas inteligentes, de boa índole e bom caráter, passando por situação parecida. Com algumas, nos comunicamos diariamente por WhatsApp, mas me incomoda o panorama geral que os doentes sofrem. O preconceito que sofremos, como se a própria dor não fosse suficiente. E esta sou eu falando. E esta eu vai fazer alguma coisa maior.
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