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Moana, o filme |
Assistimos a esse filme num dia muito
especial. Nele, fui dar uma aula a convite de um amigo e utilizei um desenho
animado. Após essa aula Marina e eu fomos assistir ao Moana e algumas horas depois ao A Bailarina. Tínhamos assistido a três filmes em locais diferentes no mesmo
dia e minha filhota estava extasiada com tamanha aventura!
Começamos a análise de qual era melhor em
quê. No final das contas, três dias depois, Moana ganhou.
Moana é destemida
começa com M
adora o mar,
ouve o mar chamá-la
é morena
gosta de história antigas
ama sua família
é obediente (até onde consegue)
é corajosa, sente medo, chora, desiste, resiste, existe!
Marina chegou em casa com um adesivo de
Moana, que ganhou de sua melhor amiga.
- Mãe, ele tem que ficar perto da gente, à
noite, igual ao Ginble (ursinha que dorme numa caminha ao lado da bicama.
Eu, cá em minhas orações _/\_ "Na
parede, não! Na parede, não!".
- Mãe! - os olhos brilhando de extrema
felicidade! - Aqui! Posso colar na sua cama? Porque aí fica todo mundo junto,
na sequência: você, Moana, eu e a Ginble!
- Pode, pode colocar.
E assim foi que começamos a dormir juntas,
as quatro.
No último Carnaval cedi nosso apartamento
para uma prima, seu marido e dois filhos (meninos) ficarem, já que estaríamos
fora. Troquei todos os lençóis cor-de-rosa e até comentei com o pai dos meninos
que fiz isso porque alguns coleguinhas da Marina chegam ao cúmulo de não
lanchar quando o iogurte é de morango porque é cor-de-rosa! O pai, que já
serviu ao exército, disse que lá não tem disso, não, que é besteira demais.
Passou o Carnaval e retornamos para casa.
- Mãe! Mããããe! Arrancaram a Moana!
Eu estava na sala, tentando arrumar nossas
tralhas e lembro de ter pensado se eu teria arrancado ("Não, eu não faria
isso") ou se teria descolado um pouco. Fui até o quarto e o adesivo estava
totalmente retirado. Olhei todos os demais cômodos para ver se algo mais estava
diferente. Nada. Nada além da tristeza e indignação da minha filha, nada além
da palavra misoginia que
não saía da minha cabeça.
- Mãe, fale com a mãe deles, ela é sua
prima, isso não se faz, oxe! Ela não tava mexendo com ninguém! E a casa nem é
deles!
- Eu sei, Marina, você está certa, vou
falar depois.
Várias vezes no dia minha filha perguntou
"Já falou? O que ela disse?" e no final do dia resolvi retomar o
assunto, antes de dormir. Só Deus e meu estômago sabem a raiva que eu estava
sentindo com o que eu considerava falta de respeito + vandalismo caseiro +
misoginia pulsante.
- Olhe, quando uma coisa assim acontece
com a gente...a gente precisa aprender alguma coisa com ela. Você não ficou
triste e com raiva? Se a gente não aprender nada, só vai desperdiçar ainda mais
os minutos de vida que a gente tem. Vamos pensar e cada uma diz uma coisa que
aprendeu. Achei que ela realmente fosse pensar, mas mal fechei a boca e a
resposta veio
- Aprendi a nunca mais emprestar minha
casa - putz, que vontade de rir!
- Isso não vale. A responsabilidade pela
casa é minha, tem que ser uma coisa tua, que mudou dentro de você, que você
aprendeu, que vai usar de novo de um jeito bom. - Respirei fundo! - Vamo lá...
eu, por exemplo...(pausa gigante)...aprendi que quando estiver com raiva não
devo falar com a pessoa que me deixou assim, senão pode sair muita besteira,
por isso não falei com a prima ainda.
- Mãe...
- Oi...
- Só consigo pensar que não quero eles
aqui e não quero outra Moana porque nenhuma vai ser ela.
- Tem razão, meu amor, nenhuma vai ser
ela.
No dia seguinte encontramos os pedacinhos
do adesivo pelo chão do quarto, debaixo dos móveis e Marina foi montando a
boneca com uma paciência que eu nunca pensei que ela fosse capaz.
Cerca de 10 dias depois Marina me pergunta
- Mãe, ainda tá com raiva da tua prima?
-...não...
- Então pronto, manda a mensagem dizendo o
que os filhos dela fizeram e diz que não venham mais aqui.
- Marina, eu vou mandar a mensagem porque
acho que ela deve saber, mas quanto a não vir mais aqui é uma decisão minha.
Por mais que eu pense, não consigo
entender. Um garoto de 9 anos e outro de doze! Numa casa que não é a deles, no
quarto que lhes foi cedido pela menina com quem brincaram e riram até a hora da
despedida, uma menina que não conheciam e por quem não nutriam qualquer
sentimento. Acontece que aquele quarto daquela menina, a partir do momento que
passou a ser deles, passou a ter lei: nenhuma menina entra. Principalmente uma
Moana!
E justamente por seu quem é, ela foi
refeita e continua conosco. Ainda não falei com a mãe dos meninos e meu intuito
é o de deixá-la ciente do que houve, cabe a ela e o marido decidirem o que
fazer. Estou calma para escrever, mas se for falar...afff...não tem peneira que
segure!
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