quarta-feira, 11 de abril de 2012

#infancialivredeconsumismo

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"Mamãe, olha! Era issssooo que eu queria!"

Desses filmes que aparecem nas bolsas o único que Marina assistiu foi ao da Branca de Neve, que acho linnndo de morrer e ela ganhou da irmã no Carnaval. A frase acima, dita diante da vitrine-novidade lá em Gramado no sábado passado parece ter caído do céu para esta Blogagem Coletiva - ou ter saído da minha mente malévola e antes fosse!
Estou falando duma pessoinha de 3 anos e meio palmo de altura que não assiste a TV em casa, conhece Patati Patatá porque viu na casa da avó e na escola e não vive fazendo compras (só feira). Pai e mãe não tem nada de consumistas nem valorizam moda ou coisas de marca. Marina está aí vestida num colete de filé, renda típica de Alagoas. 
Quando eu nem tinha filha minha irmã queria que eu desse um laptop da Xuxa p/ as minhas sobrinhas, que são gêmeas e completariam 2 anos, bastou eu franzir a testa e ela disse "Tá bem, quer dar um do Che Guevara, dê!" Minha irmã não é perua, é A Perua! A Consumista! Somos apenas duas e assim, hiperdiferentes. Quando ela ler isto vai se orgulhar e achar que Marina puxou à tia. Não creio nisso, é claro, e nem acho que essa atitude tresloucada inocente da minha pequena vá ter alguma consequência grave no futuro, mas não posso deixar de pensar sobre isso, sobre a frase, sobre o deslumbre dela diante daquela vitrine/produtos/imagens.
Temos discutido muito isso no grupo Consumismo e Publicidade Infantil no Face, na página do Movimento Infância Livre de ConsumISMO e tenho lido mais sobre o assunto, é claro. Tenho buscado não ser passional e realmente tentado entender (#monja) Maurício de Souza e Paulo Tatit porque eu era fã deles e doi um bocadinho não poder apresentar à sua filha pessoas por quem vc nutria afeto.
Meu marido sempre conta que quando teve sua primeira filha era como se a partir dali fosse pai de todas as crianças do mundo! Lutar por uma infância livre de consumismo para todas as crianças do Brasil é um gesto de solidariedade e empatia igual ao dessa frase, simplesmente porque não podemos permitir que ALÉM de todo o tipo de desprezo e violência real que as crianças do nosso país sofrem ainda tem que passar por isso, por almejar um tênis só por ser de determinada marca, por se sentirem menos/pouco/nada por não terem isso/aquilo/daquela cor/daquele jeito.
No site do Instituto Alana encontram-se "pérolas" do CONAR e decisões do Ministério Público em que se defende não somente a publicidade a que as crianças estão expostas, mas que as crianças devem ter aquilo que almejam, DEVEM ter um Big Mac, um Nike, uma Barbie, como se o acesso a tais PRODUTOS fosse um dos direitos inalienáveis da pessoa humana!
Este texto tem bandeira, sentimento, sinceridade e um desejo enorme de provocar reflexão nas tantas pessoas que ainda não pararam para pensar no assunto.
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Um comentário:

Paulo Caldas disse...

como passo mais tempo com negarina, posso afirmar que ela não é consumista. a não ser quando o assunto é comida. adora comer. seja o que for.
quando vamos ao shopping, supermercado, à locadora de dvds, a uma papelaria, ela vê bonecas, cadernos, brinquedos mis. olha, faz questão de tocar e saber o que é tudo - pricipalmete as bonequinhas que falam - mas nunca pede pra compraaaaaaaar. a propaganda não bate na porta dela.

agora em se tratando de uma jujuba, um pacote de pipoca, um copo de caldo cana, um simples bisinho... aí meu caro, o bicho pega! ela quer e quer mesmo! chora, briga comigo e fica braba. mas, se não for a hora e eu conseguir onvencê-la disso, ela arrefece e volta a nao ser consumista.
acho que isso é uma coisa que vem de berço. nunca falei com ela sobre isso, até por q não foi preciso...

lembro uma vez com minha filha savana: ela viu uma propaganda de uma calça de marca numa revista. veio falar comigo sobre aquele modelo e sobre o galã da hora que o usava. sem muitas delongas eu falei que aquela calça era doada ao galã de açucar para ele convencer as crianças a usarem também, pagando os olhos da cara. isso foi suficiente para nana desligar do desejo de comprar aquele objeto.
cabe a nós, pais, estarmos atentos a esse manejo e saber brecar e conversar quando for preciso. a televisão, as revistas, os panfletos e produtos estão espalhados aí, assim como estão um prego, uma topada ou um caco de vidro no caminho de casa pra venda. cabe a nós o desviar e mostrar o trajeto correto. sou vigilante quanto a isso nesse processo de construir um ser humano livre de amarras.

Paulo Caldas