terça-feira, 19 de março de 2013

Carta para Marina - Março/2013

Libertando as bolhinhas de sabão
Numa noite dessas, saindo do trabalho, vi "a lua de Marina". É como chamamos a lua que estava no céu quando ela nasceu. Então pensei: "Vou escrever para ela toda vez que surgir sua lua". Esta é a primeira. Decidi também que o tema seria o que viesse à mente naquele dia, mas já a foto seria essa! Linda, suave, doce, brincante!

"Minha pequena, você tem quatro anos. Fala bem as palavras, pulou a fase do tatibitati, então é comum as pessoas se assustarem com o que chamam de "falar explicadinho". Não sabem que você é articulada. É também inteligente, sagaz, ardilosa, irônica. O fato de percebermos sua sagacidade e ironia bem cedo deu-me a liberdade de enfim, não me achar uma miserável-pecadora, pois nisso somos iguais. PORÉM, lição nº 1 o que é bem bonitinho numa criança pode ser detestável num@ adult@, mas não se preocupe em mudar, pois tudo que nós somos é bem combinadinho e no fim dá tudo certo.
Hoje quero falar do que mais gosto em você: tua alegria! Você faz balé e sorri, se divertindo de verdade, durante toda a aula. Quando brincamos de qualquer coisa é do mesmo jeito. Você gargalha jogando a cabeça para cima, como que olhando o céu e é lá onde eu piso cada vez que vejo teu sorrisão-com-covinhas. Viro anjo, sou Maria abençoada, retorno ao Paraíso onde tudo era Paz. Tudo isso vira um sumo de gotas de orvalho mágico que fica acumulado no meu coração. É meu combustível para não desistir das inúmeras lutas que enfrento. Tua alegria, já que agora descobri o que é a alegria de uma criança, me faz lutar com todas as (parcas) forças de que disponho para que todas as crianças do mundo experimente isso.
Minha pequena, sinto tanto-tanto-tanto pelas dores que sofro quase que diariamente. Sei que com você não existe disfarce possível e apesar de sofrer em dobro quando você me chama para brincar e não consigo, depois de orar e pensar muitíssimo no assunto, creio que isso - de alguma forma - te fará uma pessoa muito boa, além das qualidades que você já tem. Respeitar a dor do outro não é coisa comum por estas épocas, minha 'princesa'* e espero em Deus que teu espírito solidário (que se mostrou assim antes até de você falar) seja mais refinado. Seja como for, sinto muito, não gostaria de viver nada disso na tua presença e nem nesta fase da tua vida, mas há o fluxo da vida, que não segue nossas intenções e é mais sábio que nós. Assim sento, apesar de ficar triste, aceito o que vem e o que é.
Amo você adoidadamente :-)
Tua mãe."
* Atualmente estou em crise com as princesas, mas ainda te chamo assim. Amo-te. De novo. Muito. E sempre.


2 comentários:

Paulo Caldas disse...

um texto sensível como uma dor, leve como um sorriso, solto como um beija flor, vindos, todos, de um espaço chamado coração...
como acompanhante de todos esses momentos, eu sei o quanto lhe custam...

Luma Rosa disse...

Comovente, Patrícia!!
As mães tem algo de frágil... pelo menos era assim que olhava para a minha, mesmo quando ela estava no auge da sua energia. Achava que ela sempre precisava descansar e as suas dores, doía em mim! Somos mesmo a extensão de nossas mães.
Esse seu texto não pode ser perdido, nunca! Tem que guardá-lo para Marina!

Ontem estive aqui e comentei, mas acho que o meu comentário não foi. Estou com uma conexão horrível!!

Beijus,