Abaixo, a carta de meu desligamento do curso. Não que ela seja necessária, mas o curso chegou a um ponto, para mim, que reproduz a "educação bancária" tão falada por Paulo Freire e ficar assim num curso de Pedagogia numa Universidade Federal, dentro dum contexto ainda maior, que é a Universidade Aberta do Brasil...é um pouco demais para mim. Não pretendo ficar sem estudar, só vou buscar outro caminho. Este, não é para mim.
"Bom dia!
Esta carta, dirigida inclusive a
pessoas que não conheço, porém creio terem compromisso com a Educação, é a
minha explicação sobre deixar o curso UAB/UFAL agora que tornou-se em
"módulos".
Cursei Ciências Contábeis na UFAL em
1994, curso então seriado e 2ª turma do período noturno. Percebi que algumas
vezes apenas no último bimestre vinha a entender o que o professor havia
explicado no início da disciplina - e o mais interessante é que quem me dava
esse insight era
professor de outra matéria.
Depois, na pós-graduação de Pedagogia
Organizacional (2000, UFAL/IBESA) onde estudei com alguns professores deste
curso de Pedagogia UAB/UFAL, descobri que era o tal do Construtivismo que me
fazia apreender as coisas de forma diferente do que vivenciava no mundo cartesiano
no qual vivia.
Hoje, aos 41 anos de idade, estou no 3º
semestre do curso que QUERO fazer e não podia. A modalidade à distância
pareceu-me perfeita, já que me dou muito bem com pesquisa e leitura e disponho
de pouco trempo para voltar às salas de aula diariamente.
Entretanto, chegamos a um ponto onde
não posso prosseguir. Simplesmente não consigo aprender lendo alguns textos
seja sobre qual for o assunto, acadêmico ou não. No sistema de módulos, temos que
estudar alguns textos de 3 ou 4 disciplinas que dialogam ou não entre si, mas não
tenho tempo de perceber isso porque o tempo é o ditador do módulo. Preciso
correr para ler, estudar, realizar as atividades, fazer as provas e encerrar o
módulo. Repetir com o segundo e encerrar o semestre.
Durante as aulas de sociologia tive
muita facilidade com nomes e teorias que havia estudado em 1994, no curso de
contábeis, aquele que durava um ano. Posso dizer que aprendi. Estudando por
módulos sei que não vou aprender. Como sei? A empresa onde trabalho faz cursos à
distância-relâmpago-por-módulos e após um mês não lembro nem o nome do curso
cujo diploma acabo de receber por e-mail.
Sempre soube que este curso de
graduação havia sido formatado para @s docentes em exercício, com o intuito de
cumprir a legislação e as exigências internacionais em relação ao Governo
Brasileiro.
Tenho uma filha de 4 anos, que daqui a
pouco vai começar a “estudar para passar”, o que para mim não deveria existir.
Pensei muito neste fim-de-semana. Pensei na última aula que tivermos, na
resistência pacífica, mas principalmente nos meus objetivos pessoas com relação
a este curso. Não quero “fingir que aprendo enquanto alguém finge que ensina”. Minha
maturidade não me permite isso. E só faço questão de escrever-lhes para que
sejam também questionadores do que estão fazendo e do que podem/ou não modificar
para produzir um “novo modelo de sociedade” – se for esse o desejo."
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