domingo, 22 de fevereiro de 2015

Semestre Sabático


Quem tem medo de descer? E de Virgínia Woolf?
Quando tive o primeiro episódio de depressão estava casada pela primeira vez e meu então marido já passara pelo mesmo problema e me ajudou bastante no processo. Havia, próximo de onde morávamos, um senhor que abriu sua biblioteca para locação. Encontrei preciosidades lá e lembro de um dia que cheguei com um exemplar de VIDA E OBRA DE VIRGÍNIA WOOLF debaixo do braço e - juro - nunca vi meu ex-marido ir de fleumático a colérico tão rapidamente! Eu, que nada sabia sobre a morte da escritora, fiquei lá, esperando o ataque passar para depois perguntar que passa?

O segundo episódio começou, rasteirinho, em 2013. Talvez antes. É que quando está tudo muito ruim, uma meleca bem grande, a gente nem percebe que o desconforto não é "normal". O segundo marido não acreditava em depressão nem TPM nem qualquer outra síndrome. Segundo ex-marido, obviamente.

Em agosto de 2014 sofri um surto com nome estranho (fiquei sem falar durante um dia e meio) e fui afastada do trabalho. Começou a romaria medicamentosa mega-power-3ºDAM. De alucinações e noites infinitas de insônias a dias de sonolência incontrolável com minha filha e eu sozinhas no apartamento; de dias e mais dias de indisposição, de choro compulsivo assim que abria os olhos pela manhã; trocas e trocas de remédios sem nada melhorar. Até que um foi menos pior. Ok, para, deixa esse! É assim que eles "funcionam".

Conheci a OSCIP Pensamentos Filmados, assisti a todos os vídeos no canal do You Tube e participei do Congresso on line. Comprei um pacote de acompanhamento e passei a me guiar também por esse apoio, além de: orações, trabalho voluntário com Reiki, terapia com florais, muito tempo com Marina, dedicação à dança do ventre, respeito ao tempo do meu corpo - coisa que não fazia antes.

Eis que se passaram seis meses. Muitos, mas muitos problemas aconteceram nesse período. O ano passou de 2014 para 2015 e nem notei. Na verdade desde 2013 não tenho notado as passagens dos anos, mas conversando com minha mãe na última sexta-feira ela disse algo que faz sentido: "Realmente, pra você o ano tá começando agora".

Retorno ao trabalho terça-feira. Minha filha ficará aos cuidados de uma cuidadora que não é da família pela primeira vez na vida e está indo para a escola de transporte escolar, o que não é nada fácil para mim. Estou sem tomar remédios. E ... estou em paz.

Retorno também ao bloguinho, minha segunda casa, para dar uma arejada, abrir as janelas, acender incenso de rosas e deixar o sol entrar

Onde aprendi a investir meu tempo: tricô, amor e carinho

Nota: Não só li a biografia de Virgínia como assisti e comprei As Horas - e admito que o moço teve razão, eu não teria suportado o peso naquela época. Não que seguisse a escritora, mas decerto ficaria muito impressionada e mais desequilíbrio era algo de que eu realmente não precisava no momento.

3 comentários:

Luma Rosa disse...

Oi, Patrícia!

Que boa nova!
Realmente o ano está começando e com o pé direito!!
Está no caminho certo, continue...

"Ela tinha medo de nadar no lago. Para salvar seu filho entrou no lago e nadou" (Regis Mesquita, do blogue Caminho Nobre).

Feliz ano novo!!
:)
Beijus,

Luma Rosa disse...

Voltei!
Parabéns pelo dia da Mulher!
Que esse dia que passou sirva de incentivo e inspiração para os outros dias de nossas vidas!!
Beijus,

Patrícia Santos Gomes disse...

Luminha, obrigada pelas visitas!
E sobre filhos, José Ruy Gandra:
"Quando um filho nasce, você se torna coadjuvante da sua própria vida."
Mil beijos, querida!