domingo, 7 de fevereiro de 2016

Meu amor materno é incondicional?

Daqui
Sei que amo minha filha, mas passei a questionar a incondicionalidade desse amor. Partindo de uma definição concisa:

"Amor incondicional significa amor pleno, completo, absoluto, que não impõe condições ou limites para se amar. Quem ama de forma incondicional não espera nada em troca. O amor está em primeiro lugar. O amor incondicional é generoso, altruísta e infinito."



Pois espero em troca, conforme percebi recentemente. Faço o possível para que minha filha viva sem preocupações além das que são próprias de sua idade, evito causar-lhe danos, procuro prover seu caminhar do que a agrada quando sei que lhe fará bem, sou presente, brinacnte e amorosa.
Mas Marina tem uma característica que a mim é extremamente irritante. Insatisfação gratuita. Às vezes está num nível agudo e foi o que a levou à ludoterapia, em certa ocasião. Outras vezes se dá com coisas mais simples e isso vai minando nossa (o pai também se sente assim) vontade em agradá-la.

Em agosto viajei para Recife e comprei lá o material de decoração para sua festa de 7 anos. Encontrei umas bonecas que ela gosta muito e quis trazer uma...aí veio o problema: eram quatro e embora eu soubesse de qual gosta mais eu sabia que chegaria com ela e a primeira pergunta seria porque não trouxe todas, até aí tudo bem, talvez eu também fosse querer todas se fosse criança! Mas o que aconteceria depois é "Ah, eu preferia a cbfdhjgfjhsg" e isso me desanimou a tal ponto que não trouxe nenhuma. Chegando em casa contei sobre as bonecas e falei qual pensei em trazer. O desenrolar foi exatamente como pensei: 1º Por quê não todas? 2º Não tinha a bchdbffh (que nem era sua preferida)?

Minha filha estuda no colégio que adora, sempre pede para NUNCA sair de lá, e permanece porque consideramos o colégio bom para ela. Está no segundo ano e este ano passou a ficar no período integral. Está esfuziante. alegre, animada! Quando perguntei se foi uma boa ideia "NÃO!". 
Tá #semmais
Fez várias amizades e ontem pediu para ser rematriculada no primeiro ano e poder estudar na mesma sala de uma dessas amigas. Lembrei-lhe do quanto ela esperou para estar no segundo ano (desde junho passado só falava nisso /o\) e disse que agora quer blá blá blá.

Lá pelas tantas de nossas conversas despretensiosas, já que passamos o dia em casa, escuto "Ah, eu queria morar perto do colégio pra não atrasar."
Imagem daqui
- Minha filha, você sempre diz que gosta de morar aqui
- É, mas eu queria morar perto do colégio
- Pra não atrasar?
Silêncio
-Quantas vezes você atrasou esta semana?
- Nenhuma
- Certo
Pronto. Brochei geral. Desde que decidi matriculá-la no ensino integral vivi dramas e dúvidas que só faz ideia quem tem que tomar uma decisão dessa sozinha. Conversei com a coordenadora, fui até a escola conhecer a dinâmica do período extra-aula, procurei saber a idade das crianças matriculadas no mesmo sistema, falei com a psicóloga que a acompanhava, com uma amiga psicoterapeuta, com amigos, com Deus! Foram meeeeses arrastando a dúvida, com direito a crise de ansiedade e tudo na hora da matrícula.
Há três semanas comecei tratamento para bipolaridade, o que ajudou a ficar mais tranquila aos dias que antecederam esta semana. 
Semana tensa e corrida para mim. Passei os dias pensando em como ela estaria e finalmente relaxava quando a encontrava felicíssima à noite.
Esses exemplos que citei foram dois, mas o dia inteiro teve essas gotículas de insatisfação. Joguei a toalha. Fiquei irritada, chateada, triste, virei a Maria do Bairro com direito a choro e tudo o mais!
- Meu Deus, eu faço tudo o que posso...vou além dos meus limites...e blá blá blá

Meu sentimento? Frustração! E foi quando questionei se o meu amor é incondicional, já que espero uma resposta positiva às minhas ofertas e à minha dedicação. Não pretendo fechar o questionamento agora, muito pelo contrário, é só início...

2 comentários:

Leilesdiane disse...

Tenho uma filha da idade da Marina. Inclusive, acompanho seu blog desde que elas eram bebês. Minha pequena também tem essa insatisfação constante. Fico me perguntando se é uma característica dela ou se isso não é fruto do modo como nossa sociedade funciona. Fico meio perdida ao lidar com isso.

Patrícia Santos Gomes disse...

Oi, Leilesdiane! Fico muito feliz em saber que nos acompanha <3
Houve uma época, anterior a essa da postagem, que ela estava com o comportamento bem antipático. Não assistimos a TV em minha casa nem na casa do pai dela, mas na minha mãe sim e ela estava acompanhando uma novela "infantil" que tem uma garota MUUUUITO enjoada e, por acaso vendo essa novela, vi que até os trejeitos da Marina eram como o da personagem. Imediatamente liguei para o pai e pedi que assistisse, ele confirmou e montamos uma barricada tripla (minha mãe teve que entrar) contra o programa - ela ainda tentou ver escondido pelo YouTube. Acredita que a menina mudou em dois dias?
Com relação à insatisfação o pai achava que ela "herdou" de sua mãe, que é assim desde que deu o primeiro suspiro, mas não aceitei, fiquei com ela na terapia até haver mudança de comportamento significativa porque não era só isso que estava ruim. Por exemplo, ela tinha problemas com as colegas e não contava a mim p/ não me preocupar e nem ao pai p/ não ficar nervoso - nem à avó p/ não nos contar, chegando ao ponto de só dizer à psicóloga. Segundo a terapeuta essa insatisfação está ligada à baixa auto-estima. Em princípio não vi nenhuma relação, mas ela explicou (quase desenhando) que na verdade representa uma insegurança a respeito do valor de tudo o que recebe, o que a fazia valorizar sempre o que lhe faltava. Como se houvesse um pensamento do tipo: "Se eu recebi é porque não é bom, se fosse eu não teria recebido. Quero o outro, que deve ser melhor".
Ao fim do período de terapia ela estava segura, sem esse e outros comportamentos, e estava conversando comigo e com o pai. Os desafios agora são novos rsrsrs É um tal de duvidar de tudo o que eu falo, que pelamor...merece uma postagem!
Gratidão pelo comentário e volte sempre _/\_