segunda-feira, 21 de outubro de 2019

O coque daquela loira

 Não somos nós, mas se fosse...seria a mesma coisa (imagem daqui)
Não somos nós, mas tanto faz o ator, importa o imutável enredo (Foto daqui)
Éramos três. Três vizinhas, três amigas, alegres, comemorando a Vida no boteco na esquina que é o quintal de nossa casa. Aquele lugar onde todos conhecem seu nome, preferências e você sabe quando é a folga de cada um. E daí que, felizes como estávamos, fomos ligando e convidados os queridos que moram por ali, que têm outros afetos e queriam conhecer o local e confraternizar.
Éramos três vizinhas e um vizinho, dentro em pouco um casal seu amigo se juntou a nós.
Somos todos adultos. O casado era o mais bonito da mesa e todas nós trocávamos olhares entre nós e ele não perdia a chance de abrir seu belo sorriso. Conversa boa, conversas paralelas, até que o casal se vai e a beleza do guapo foi o assunto em pauta.
E o que começou ali, naquela mesa com três doutores, duas profissionais, cinco pessoas esclarecidas foi o seguinte:
- Ei, você olhou pra ele...
- Você também...
- Peraí, mas eu vi você jogando o cabelo o tempo todo!
Oi? Nossa amiga ficou avaliando, enquanto eu a defendia ferrenhamente...até pensei que fosse brincadeira. Ela tem pouquíssimo cabelo, grande, então tem mesmo mania de mexer para aparentar ser mais cheio.
- E você, olha o decote...
- Oxe, olha o teu!

E lá estou eu, vendo passar diante de mim aquela cena do ano 1.600, num diálogo que nem minha filha de 10 anos faria! O homem!? É óbvio que ele era a vítima daquelas mulheres que saíram de casa justamente para desestabilizá-lo...igual à...nunca?

De repente, a moça do cabelo, tão calada depois da observação, fez um coque. Calada, ombros rígidos, linda como sempre, mas com um coque. Recolheu a sensualidade depositada em seus cabelos e escondeu. Vestiu a burca e certificou-se de estar com os pés completamente cobertos.

Eu não levei aquilo a sério, mulheres culpabilizando umas às outras porque o Homem se sentiu atraída por elas!? Então comecei a brincar "Ah, adoro mulher de coque, você está me seduzindo, para!"

Tantos grupos dançando em volta de fogueiras, tantos coachings se embrenhando nas matas à procura da melhor-versão-de-si e bem ali ninguém podia declarar atração física, tesão, prazer em ver a Beleza.

Quanta opressão escondida num coque!.

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