segunda-feira, 19 de março de 2012

"Senhores pais ... irresponsáveis" Será?!?!?!

Esqueci a fonte dessa imagem mas era uma reportagem sobre a maravilhada da publicidade infantil, datada de 2006

Preste atenção a um certo aviso nos aeroportos “Senhores pais e responsáveis não permitam que as crianças brinquem nos carros de bagagem para evitar acidentes”. Trabalho num aeroporto, morro de ouvir o aviso e de ver pais que não acreditam nele. Já vi váááárias crianças caindo do/com o carrinho de bagagem, mas nada grave, graças a Deus! Então costumo parafrasear “Senhores pais irresponsáveis... Às vezes interfiro e converso com as pessoas e noutras aviso ao encarregado pela área.


Sei que a questão é complicada, a maioria dos pais & responsáveis não aceita intervenção e na verdade eu compreendo que eles realmente não vêem risco na situação e preferem ignorar o aviso. Fazem seu próprio julgamento, que infelizmente não é correto. Parece que prevenção não é o forte na nossa cultura.

Quando falo sobre consumo consciente com as pessoas percebo que se trata de um assunto que não ocupa muito a sua atenção e penso que é justamente para essas pessoas que preciso falar. Assim, quando faço um evento dou sempre um jeito de questionar nossa forma de “consumir o mundo”.

Mudança de pensamento não é fácil, mas a situação do consumo no Brasil é especialmente difícil com o aumento da capacidade de consumo (e endividamento) das classes C e D. As pessoas andam ultrafelizes em “poder” comprar uma TV de parede em 36 vezes que seja, não importa, mas ela estará lá. Outro dia minha filha ganhou um perfume caro da copeira do meu trabalho, que deve ganhar 1/5 do que eu ganho e quando agradeci comentei que eu jamais comprei porque não tinha coragem de dar aquele dinheiro todo num vidrinho de perfume. A resposta “Ô mulezinha, botei no cartão e sua bebê merece”. Agradeci muito seu carinho em vidros e cuidados e sorrisos e compreendi como é difícil fazer tanta gente entender sobre o que mesmo estou tentando falar.

E consumo consciente passa pela publicidade, que em blog de mãe bate reto na publicidade direcionada às crianças. Lendo alguns argumentos contra e outros a favor, acho essa discussão muito parecida com a da legalização do aborto. É necessário esclarecer o que se está pretendendo legalizar e então ser a favor ou contra. O aborto, no Brasil, é uma questão de saúde pública e ser a favor da legalização não significa ser a favor do aborto e nem mesmo considerar que seja um incentivo. Uma mulher que quer abortar irá fazê-lo de todo jeito, o que vem aumentando assustadoramente é o índice de mortalidade por essa causa a cada ano. Com a legalização do ato a diferença é que ela terá atendimento médico – daqui a 150 anos será um atendimento de qualidade, espero. (Coragem a minha falar em aborto aqui, eu me amo!)

Publicidade infantil é o quê? Publicidade de produtos infantis ou publicidade voltada para as crianças? Entendo que seja a última opção. Assim, está descumprindo a legislação brasileira. SIMPLES ASSIM.

O artigo 227 da Constituição Federal do Brasil diz na sua íntegra: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” (Grifo meu)

O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069/90, trata dos direitos de crianças e adolescentes (consideradas assim as pessoas até 12 anos de idade) em desenvolvimento e o respeito à sua integridade, inclusive com relação aos seus valores. (Grifo meu)

 
A Lei nº 8.078/90, que é o Código de Defesa do Consumidor estabelece o princípio da identificação da mensagem publicitária, dizendo que a publicidade deve ser facilmente identificada e entendida como tal pelo público ao qual se dirige. Vamos admitir que uma criança de 10 anos não entende que aquele carrinho da marca X não está ali no meio do programa infantil à toa e que também não é a toa que na loja de brinquedos ele esteja exposto em banners, folhetos e num display enorrrme e linnnndo e mágico! A propósito, será que todos nós, pais&responsáveis, percebemos isso? (Todos os destaques possíveis, meus)

Para os que suportaram chegar até aqui – porque citação de lei só é bom pra a galera da jurídica – fica a questão saltando aos ouvidos “Meirmão, se há leis que regulam isso, porque é mesmo que a gente está discutindo? Ah ta, pela dificuldade de fazer cumprir as leis, é verdade...”

Há outro fator importante com relação à Propaganda e Publicidade. Ela não se restringe ao ambiente da TV ou outras mídias. E é justamente por isso que ao assunto precisa ser discutido, divulgado, escancarado. O marketing cuida da apresentação do produto, desde a embalagem até o mais fino detalhe da propaganda. Realmente não me preocupo em desligar TV em casa porque praticamente não a ligamos, Marina só vê filmes em DVD e jogo de futebol com o pai. Sou tão alienada quanto aos desenhos animados “da moda” que comprei um roupão de banho com um bichinho desses e nem sabia, minhas sobrinhas (gêmeas, de 9 anos) é que disseram “Tia, você comprou do fulano, que linnndo!” Jurando elas que eu estava regenerada e agora passariam a receber presentes dAs Princesas. Expliquei a realidade dos fatos e uma delas, otimista “Não importa, você já comprou e a Mamá vai usar e vai ficar linda!”
Como diz reiteradamente uma mãe do Grupo Propaganda e Publicidade Infantil no face "Nossos filhos podem estar protegidos, são orientados, mas e os demais?!" Vejo nessa frase asolidariedade feinina e materna que me faz ter esperança numa porção de coisas nesse mundo tão maluco.
CONHEÇAM O GRUPO! ENTRA LÁ, VISITA, CONVERSA, É MUITO BOM!!!

6 comentários:

Mariana - viciados em colo disse...

mulézinha!
adorei este texto... e lutamos porque somos solidárias mesmo e quando tentamos alertar um pai&responsável quase sempre somos chamadas de xiitas ou de comunismas e quando falamos de limites para a publicidade infantil, nos remetem para cuba e coreia do norte, como se não existisse caminho do meio entre a censura e a libertinagem de expressão comercial que vivemos aqui.
beijoca

Unknown disse...

Patricia, ótimo post. Embora eu não veja problemas em comprar alguns produtos ligados a determinados desenhos ou marcas, acho que com parcimonia, td é possivel rsrsrs. Mas a propaganda inserida nos canais infantis é agressiva, a partir do mês de setembro até o natal beira o insuportável... propaganda tem que ser dirigida aos pais e ponto....
E qto ao aborto, CONCORDO totalmente, sou a favor da legalização total e irrestrita. E pessoalmente duvido que eu conseguiria fazer um aborto e provavelmente aconselharia as pessoas próximas a não fazer, mas livre arbítrio é o máxima pela qual tento viver! Bjoks. Virei fã

Thiago R. disse...

"Nossos filhos podem estar protegidos, são orientados, mas e os demais?!" - Eu tenho medo de pessoas que pensam assim. São incapazes de entender que as outras famílias são livres para orientar os filhos da forma que bem entenderem. É o tipo de gente que se tiver poder para tal (leia-se se forem agentes do Estado - juízes, promotores, deputados etc) irão criar leis das mais absurdas (como o próprio ECA - lei essa que, infelizmente, é quase totalmente seguida a risca, criando uma geração de marginaizinhos sem deveres e cheios de direitos) - e a questão aqui não é se a lei existe e deve ser cumprida, mas se a lei de fato atende aos anseios da sociedade, àquilo que ela de fato necessita. É o Estado querendo regular o que nossos filhos podem e não podem ver, e não os pais (como você, Patrícia, e o Paulo já fazem com a Marina - vocês, e mais ninguém nesse planeta, devem escolher auilo que sua filha deve e não deve ser exposta).

Thiago R. disse...

Ah, e gostei da lógica de dizer que se uma mulher quer abortar, irá fazê-lo de todo jeito; então um assassino que quer matar alguém, irá fazê-lo de todo jeito, logo, a solução para isso é legalizar o homicídio? Ou que a solução para um viciado que quer usar seu crack numa boa véi é legalizar o crack?

Thiago R. disse...

PARA ENCERRAR:
"A ministra Eleonora Menicucci foi a uma reunião da ONU e aceitou de bom grado a farsa de que 200 mil mulheres morrem por ano no Brasil em razão de abortos clandestinos. Sustenta-se que um milhão de procedimentos ilegais são feitos por ano no país. Chegou a hora de sabermos:
- qual é a origem desses números?
- são definidos com base em quais informações?

Ora, o Ministério da Saúde define políticas públicas para a área, não? Segundo o ministro da pasta, Alexandre Padilha, houve 705 mortes mortes de mulheres em decorrência da gestação no primeiro semestre de 2011. Mantida a tendência, haverá 1410 no ano — ou 0,7% do que alardeiam os grupos favoráveis ao aborto. Parece não existir hipótese, dado o número de crianças que nascem no país, de haver 1 milhão de abortos clandestinos por ano."

FONTE: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/por-uma-%E2%80%9Ccpi-da-verdade-sobre-o-aborto%E2%80%9D-ou-brasileiros-pelo-direito-de-decidir-contra-a-vontade-da-fundacao-ford/

Patrícia Santos Gomes disse...

http://consumismoeinfancia.com/14/03/2012/hasbro-vence-premio-manipuladora-pelo-natal-de-2011/