Blogagem coletiva sobre Amamentação para o Blog do Desabafo de Mãe |
Moro no Nordeste, sempre morei aqui, entre Maceió (AL) e Recife (PE). Viajei para algumas cidades de outras regiões a trabalho e trabalhei em Caruaru (agreste de PE) durante algum tempo.Tenho uma filha de 3 anos e 10 meses que mamou até os 4 meses, quando paramos porque retornei ao trabalho.
Engravidei aos 36 anos, quando pensava que não mais seria mãe, então alguns temas ligados à maternidade são simplesmente novidade para mim e comecei a lidar com eles quando fiz este blog. É como se as coisas simplesmente não acontecessem.
Esse lance da amamentação, por exemplo. Eu sempre soube que amamentaria se tivesse filhos. Útero está para o bebê assim como os seios para a amamentação. 2 + 2 = 4.
Marina passou quase 15 dias para "pegar" meu peito, que tinha bico, que não rachou, que foi super-preparado durante a gestação, mas simplesmente não dava certo até que meu marido, olhando de frente para minha posição foi lá e deu o toquezinho que precisava. Era uma questão de ângulo. Nesse período estava na casa da minha mãe e saía para a Maternidade Santa Mônica, que é pública e péssima, mas tem uma equipe sensacional trabalhando no banco de leite. Eu ia até lá, ordenhava, doía horrores, eu era praticamente uma vaca holandesa, quando saía deixava meio litro de leite e levava uns potinhos para minha pequena tomar na seringa. A equipe amava me ver chegar! Antes de chegar em casa os seios já estavam cheios, pedrando, quentes e eu, febril. Num desses dias, meu marido, penalizado com meu sofrimento, aconselhou que eu tomasse uma injeção que fazia o leite secar e pronto. NUNCA! Estava tudo certo, eu tinha leite, ela tinha fome, meu peito tinha bico e ela tinha um bocão, faltava "alguma coisa" que ele mesmo resolveu depois.
Quando comecei a ver a história do "mamaço" achei muito estranho. Depois descobri que em alguns lugares as pessoas se escandalizam com a mulher amamentando em público. É aí que retomo a minha origem. Talvez por ser do Nordeste e ter crescido vendo mulheres oferecendo a mama nos ônibus, nas praças, nas feiras e filas, achasse isso tão comum. Confesso que agora não é mais tão comum como foi antigamente, mas não ouço ninguém dizendo que não vê a hora de parir e estrear a mamadeira. Os hospitais públicos e privados apoiam a amamentação, orientam, só não dizem que é difícil, NÃO dizem que NÃO É UM CONTO DE FADAS, NÃO dizem que algumas mulheres realmente não conseguem e não deixarão de ser mãe por isso.
Digo a todo mundo que o que criou o vínculo entre mim e Marina foi a amamentação. Eram momentos únicos, eu fazia questão de seguir o ritual quase sagrado, sempre na cadeira de amamentação, em silêncio, olhando-nos nos olhos, fazendo carinho nela, conversando, cantando. O mundo parava. Foi assim em TODAS as mamadas. Lembro de ter dado o peito fora de casa duas vezes apenas, em consultas dela, mas numa vez fiz dentro do carro, debaixo duma árvore com passarinhos cantando rs e na outra pedi uma sala vazia, pois a recepção do consultório estava lotada de pessoas doentes. Eu sabia que teríamos pouco tempo de amamentação e foi fundamental para estabelecermos nosso vínculo primeiro.
Hoje, ela adora quando falo sobre isso. Coloco-a no colo e repito tudinho, ela é uma verdadeira atriz, faz tudo que eu relato, até "adormece" depois do almoço.
Hoje pegou uma boneca e subiu na minha cama pedindo para eu amamentá-la...depois me olhou e disse "Mãe, se a mãe dela sou eu, eu vou dar o peito, né?" "É, sim!" "Os dois, né?" (Isso eu não tinha dito srrsrs) "É, filha, os dois". Quando meu marido entrou estávamos na cama, eu lendo e ela amamentando a boneca.
E acho que a cena merecia um quadro!
6 comentários:
Patricia, legal ver que você traz esse olhar da naturalidade de amamentar em público da sua região. Eu também vivencio isso aqui em alguns lugares em São Paulo, mas vivo também o outro lado de perceber o preconceito e a surpresa nos olhares...Ouço histórias piores de amigas internacionais onde a cultura urbana reina e não cabe uma mulher amamentando dentro dos lugares públicos...Fiquei com uma pulguinha: você acha que poderia ter amamentado mais mesmo com a volta ao trabalho, ou não?
Que graça a sua filha!!
Acho que a frustração de muitas mães que não conseguem amamentar advém desse episódio que relatou: Não dizem para elas das dificuldades e sempre veiculam a imagem da tranquilidade. Pois é, só depois de vencidos os obstáculos. Parabéns pela sua perseverança. Parabéns pelo companheiro de jornada!! Beijus,
Adorei seu post! A questão da maternidade tardia acontece com muitas mulheres. Tanto eu como você somos mães de meninas, e isso é muito rico! Temos a oportunidade de começar a mudança cultural sobre maternidade/parto. O exemplo que você deu da sua filha é algo riquissimo para a vida de uma mulher. Lindo demais!
Beijos
Lili
Olá, meninas, obrigada pela e comentários. Respondi à pergunta de Ceila no Blog Desabafo de Mãe e achei interessante colocá-la aqui também. Qdo retornei ao trabalho morava numa cidade e trabalhava em outra, sendo que a casa era o ponto extremo em relação à outra cidade. Trabalho no aeroporto e a famigerada H1N1 estava chegando, entrando com tudo justamente pelos aeroportos. Consultei engenheiros p/ saber se havia algum lugar onde eu pudesse ordenhar sem NENHUM risco de contaminar o leite, por conta de ar condicionado e outros fatores. Não havia. Não tínhamos como alugar a máquina de ordenha e nem tínhamos como comprar...então, julgamos que foi a solução possível.
Doce relato! Realmente ninguém alerta para a dificuldade de adaptação no início, acho que por isso muitas mães desistem tão cedo.
A maternidade é um eterno exercício de paciência... Bjão
Paciência! E quando a mãe é uma impaciente de carteirinha como eu aí a lição é dobrada! :-*
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