quinta-feira, 4 de julho de 2013

A maternidade, a sombra e o tempo certo


O livro da esquerda, com alguns marcadores, foi emprestados de uma "amiga de face", a quem muito sou grata - e sequer nos conhecemos pessoalmente. Como estava terminando leitura de um estudo que não podia parar, somente no dia 28/06 comecei a ler A Maternidade e o encontro com a própria sombra, de Laura Gutman.
Acho que sou a última mãe da blogosfera materna a lê-lo e ao contrário das mulheres que o fizeram depois de ser mãe e dizem "Pena não ter lido antes" comigo aconteceu o oposto: ESTE É O MOMENTO CERTO!
O da direita é meu/nosso, chegou hoje pelos correios, pois no dia em que iniciei o livro já comprei meu exemplar e olha como chegou rápido! Comprei-o principalmente para emprestar, mas sei que voltarei a ele muitas vezes. Eu ia lendo e pensando numa amiga, numa conhecida, na professora de Pilates que quer ser doula...tinha que estar na minha estante.
Livro difícil de ser digerido por quem teve uma gestação "normal", violada, pressionada, com uma assistência "profissional" da obstetra que desconsiderava completamente meus "sentimentos e sensações" e a cada mal-estar relatado eu recebia um sorriso complacente e a frase "É assim mesmo"; livro que "pulei páginas" ao me lembrar que tive que brigar com a equipe médica e assinar um termo de responsabilidade para sair do hospital que insistia em manter-me lá até Marina pegar o peito - coisa que ela só fez após 15 longos dias de nascida. Diárias e diárias e diárias, porém o hospital tinha apenas 01 máquina de ordenha e eu tinha que ficar lá, com os seios pedrando e febril, enquanto alguma outra coitada sofria em outro apartamento.
Antes deste livro li a apostila do curso de Reiki e o livro Mãos de luz (do qual falarei depois), de Bárbara Ann.
Sem o suporte que estas leituras anteriores me deram estou certa de que não conseguiria reter deste livro tanto quanto ele tem para dar. Meu marido às vezes lê para mim e numa dessas vezes parou a leitura (que era sobre amamentação) e perguntou "Você diz que não quer ter outro filho, por que está lendo sobre maternidade?" e expliquei a gama de assuntos que o livro aborda e que maternidade não é somente aleitamento e gestação.
Há cerca de três meses percebo que Marina, no contato comigo, tem se comportado quase como um bebê. Ela falou tarde para os padrões vigente, no entanto quase não atropelou palavras; agora, novamente bebê,  fica inventando palavras erradas e quando digo que ela nunca falou assim quer logo saber como era para fazer "certo". Pergunta reiteradamente sobre a fase da amamentação, coisa que tenho o maior prazer de teatralizar com ela e nos divertimos demais com tudo. Procurei saber se o comportamento se repetia na casa da vó, praticamente única casa que ela frequenta afora a nossa e disseram que não, apenas que estava um pouco agressiva, principalmente com as primas (gêmeas de 11 anos). Fizemos o Dia do Brincar num orfanato e percebi que ela não se incomodava com o pai rodeado de meninas, mas perto de mim não podia chegar umazinha e lá vinha Marina falando em linguagem tatibitati, pedindo "coinho" ou reclamando alguma dor. Na escola, tudo certo, nada fora do contexto.
Traduzi como "falta da mãe" e como as férias de um mês estavam chegando fui me afastando de outros compromissos (como arrumar a casa, estudar, acessar ao facebook, usar o computador) e passei a dedicar-me mais a estar com ela fazendo o que ela quisesse.
Com a leitura do livro essa "regressão" de Marina agora tem um sentido muito maior, minhas "escutas" foram ampliadas! Reconheço que por ter voltado ao trabalho quando ela tinha 5 meses e não ter conseguido manter a amamentação por passar 12 horas fora (trabalho noutra cidade) nosso vínculo ficou estremecido...talvez frágil e certamente ela precisa mais de mim do que eu poderia imaginar. Nunca pensei num cordão umbilical entre as nossas auras, nem que o vínculo mãe-filh@ durasse até cerca de 14 anos.
Em férias desde o dia 1º, com dedicação prioritária a ela, tenho uma menina carinhosa, que se emociona e enche os olhos de lágrimas quando diz que me ama. Outro dia disse "Mãe, se tirarem uma foto de mim, você vai aparecer no meu coração e se for uma foto sua eu vou aparecer no seu porque é onde a gente mora".
Conversando comigo, hoje à noite
Sem a leitura desses livros, eu já teria marcado uma sessão com minha ex-psicóloga para receber alguma orientação sobre como impedir que ela seja tão dependente de mim. Só que ela não é! Ontem mesmo queria ir embora com o cunhado, namorado da irmã, para Salvador, se despediu de mim e disse que depois voltava, mas não sabia quando. Iria pedir ajuda para agir como nossa sociedade define como sendo o melhor para nossas crias, "desconectada da nossa intuição".
MUI GRATA A CEILA SANTOS, ONDE LI PRIMEIRO SOBRE ESTE LIVRO, E A SANDRA XAVIER, QUE O CONFIOU A MIM SEM SEQUER ME CONHECER

6 comentários:

Unknown disse...

Patricia, como sua Marina é sábia: parabéns, mulher! E que emoção tão boa saber que um desabafo meu gerou tanta coisa aí na sua vida: bão demais. Gratidão pela Marina, pelos blogs, por você e por Gutman!!!!
Toda gestante tem o direito de conhecer Lauritas, não acha?

Patrícia Santos Gomes disse...

É isso mesmo, Ceila, deveria até virar palavra de ordem "Toda gente tem direito a conhecer Lauritas" :-) Talvez em castelhano fique melhor.
Bjus e obrigada por apresentá-la!

Luma Rosa disse...

Oi, Patrícia!
Acho que todas mulheres deveriam ler sobre o assunto maternidade, mesmo que já tenham tido seus filhos. Vale para compreender a espécie, mas se não houver esse interesse, que seja para ajudar a criar netos/sobrinhos.
Sua filha é bastante amorosa! E de certa forma ela não quer deixar de ser o seu bebê :)
Beijus,

Patrícia Santos Gomes disse...

Além do mais, Luma, é um livro "pra cima", um livro feminista no sentido mais doce e puro da palavra...tanto que em minha estante está ao lado dos "feministas":-)E eu bem que quero que ela seja meu bebê por mais um tempinho!

Sandra Xavier disse...

Q bom que gostou do livro!!! Eu sou uma das q dizem que queriam ter lido antes da cria nascer... mas antes tarde do que nunca, não é???
Pra mim é uma enorme alegria emprestar um livro pra alguém tão ou mais apaixonada por leitura do que eu!!!]bjosss

Patrícia Santos Gomes disse...

Oi, Sandra! Acho que somos igualmente apaixonas, afinal vc me emprestou o livro, já devolvi e nem nos conhecemos pessoalmente. Agora o que eu comprei está emprestado para uma grávida que mora em Recife e conheci em São Paulo no Encontro da Aliança pela Infância :-) Quando soube q ela estava grávida perguntei se há o havia lido e só foi a menina dizer que gostaria muito que ele já se foi. Na semana que chegou emprestei a fisio do Pilates, que quer ser doula. O danadinho já está numa virtuosa roda-viva. Graças a você, dona moça :-)Beijosssssss