Em primeiro lugar: não use o que lerá a seguir como exemplo, pois cada pessoa é única e bem assim são suas experiências.
Há sete dias estou na fase down do TAB (Transtorno Afetivo Bipolar, ou Transtorno Bipolar). Se houve um motivo, um disparador, um start? Nem sempre há e eu, sinceramente, não tenho muita paciência para ficar analisando isso quando estou no olho do coração. Prefiro manter minha atenção voltada para manter minha rotina e não deixar que a coisa toda atrapalhe minha vida além do que a dor já o faz. Desta vez tive um problema, sim, que é sério e não será resolvido em médio prazo. Ainda não tenho certeza da solução, mas se fosse um vento soprando na direção errada esse também poderia ter sido o "disparador" porque essa doença é assim: + - +/- sem seguir ordem alguma.
Para quem pensa que estou em casa chorando há sete dias, não estou! Estou mais apática do que triste. Estou mais melancólica do que triste. E o que é ser apática? Imagine o seu dia de hoje como sendo o último de sua vida. Pode ser que você saia feito um desesperado fazendo o que reprimiu por toda a vida, porém o mais provável é que sente sozinho num banco de praça ou olhando para o mar e fique lá, pensando em nem sei o quê, só esperando...e, mais importante, sem saber que está esperando. Pois estou em meu sétimo dia assim. Não quero falar com ninguém, não quero alegria nem tristeza, não quero morrer, quero deitar, quero dormir, quero que passe. Enquanto isso vou fazendo feira, fazendo compras, lendo, pagando contas, arrumando a casa, trabalhando, chegando atrasada em todos os compromissos, faltando ao Pilates porque não tenho energia para nada e vendo os vídeos "Assistir mais tarde" do YouTube. E se estou aqui, escrevendo, é um indicativo de estar melhorando. Que bom!
Quando a gente está mal às vezes faz coisas bem idiotas, como pedir ajuda a pessoas que vão responder:
- Pare de pensar nisso! (E eu: Isso o quê? Não tô pensando nada!)
- Você tá tomando o remédio direito? Por quê não tá na terapia? Saia de casa, vá à praia! E a sua filha, pense nela!
- (...)
- Eu queria muito poder ajudar (Mas não faz aquela pergunta tão comum nos filmes americanos "How can I help you?)
- É foda...
Até que uma das amigas FAZ efetivamente algo para te ajudar e isso funciona como um banho de cachoeira após 3 horas de trilha! Ela fica do teu lado sem te colocar no colocar no colo porque não é disso que você precisa. Eu precisava, quando cheguei à cachoeira, ser acolhida, compreendida, que alguém percebesse que eu tinha um problema real ali além da doença e que eu não estava conseguindo pensar sozinha.
Longe de mim ser uma sofredora silenciosa. Sou geminiana legítima e com Mercúrio em casa, então Comunicação é meu sobrenome. Fico pensando, no entanto, nas pessoas que sofrem sozinhas, que diante da dor, da apatia, da vontade de não falar nada, ficam mesmo silenciosas e são passadas despercebidas.
Eu quero muito, muito, muito, criar um Grupo de Apoio aos portadores de TAB em Maceió. E para isso precisarei de uma equipe, com a doação pessoal de cada um, pois não será uma tarefa fácil. Nada fácil, mas extremamente necessária.